domingo, 21 de fevereiro de 2010

DILMA PRESIDENTE

Eleições
PT lança pré-candidatura de Dilma Rousseff à sucessão presidencial
Publicada em 20/02/2010 às 18h13m
Maria Lima, Cristiane Jungblut e Diana Fernandes - O Globo; Agência Brasil

BRASÍLIA - Por aclamação, o PT oficializou neste sábado - em votação simbólica - a pré-candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão presidencial, no encerramento do 4º Congresso Nacional do partido. Ao discursar, a ministra disse que está preparada para "enfrentar o desafio com humildade, serenidade e confiança". ( Veja mais fotos da cerimônia )
" Jamais pensei que a vida me reservasse tamanho desafio, mas me sinto preparada para enfrentá-lo "
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- Para quem teve a vida sempre marcada pelo sonho e a esperança de mudar o Brasil, esse para mim é um dia extraordinário. (...) Jamais pensei que a vida me reservasse tamanho desafio, mas me sinto preparada para enfrentá-lo com humildade, serenidade e confiança - disse a ministra, que só terá a candidatura oficializada em junho, no período previsto pela legislação eleitoral.
Se eleita, Dilma disse que vai preservar a estabilidade macroeconômica do país, mantendo o equilíbrio fiscal, controle da inflação e o câmbio flutuante. Ela também se comprometeu a dar andamento a reformas que não foram concluídas no mandato do presidente Lula.
- Vamos concretizar, junto com o Cogresso, as reformas institucionais que não puderam ser completadas ou foram apenas parcialmente implantadas, como a reforma política e tributária - destacou.
A ministra defendeu ainda o fortalecimento do papel do Estado na economia, o que, num ato falho, chamou de "reaparelhamento do Estado". E lembrou que essa estratégia funcionou para o Brasil durante a crise mundial deflagrada no final de 2008.

- Alguns ideólogos chegavam a dizer que quase tudo seria resolvido pelo mercado. O resultado foi desastroso. Aqui, o desastre só não foi maior porque os brasileiros resistiram a esse desmonte e conseguiram impedir a privatização da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica ou de Furnas - afirmou a ministra, acrescentando:
- O Brasil só pode enfrentar com sucesso a crise porque tivemos políticas públicas adequadas. Soubemos articular corretamente Estado e mercado, porque colocamos o interesse público no centro das nossas preocupações.
Ministra quer fazer governo de coalizão
Dilma disse que espera fazer um governo de coalizão com apoio dos partidos aliados:
- Com eles quero continuar nossa caminhada. Participo de um governo de coalizão. Quero formar um governo de coalizão - disse a ministra, ressaltando ainda que seu programa de governo será submetido a um debate com os aliados e com a sociedade.
" Preferimos as vozes dessas oposições, ainda quando mentirosas, injustas e caluniosas, ao silêncio das ditaduras "
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Ela afirmou ainda que, se eleita, vai manter e aprofundar a política social do governo Lula, ampliando o Bolsa Família e implantando novos projetos para erradicar a miséria no país.
- Vamos manter e aprofundar aquilo que é a marca do governo Lula, seu olhar social. Queremos um Brasil para todos - disse.
Sobre as críticas de que o governo do PT tem avançado no sentido de conter a liberdade de expressão e controlar os meios de comunicação, afirmou:
- Quem duvidar do vigor da democracia em nosso país que leia, escute ou veja o que dizem livremente as vozes oposicionistas. Mas isso não nos perturba. Preferimos as vozes dessas oposições, ainda quando mentirosas, injustas e caluniosas, ao silêncio das ditaduras.
Eleger Dilma é prioridade de vida este ano, diz Lula

Diante da calorosa recepção dada à ministra, antes da votação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva brincou:
- Foi me dada uma tarefa extremamente difícil que é convencer vocês a votar na companheira Dilma. Pelo que vi hoje, esta tarefa é desnecessária - destacou.
Em seu discurso, Lula voltou a dizer que Dilma não é candidata "tampão" e afirmou que sua prioridade este ano é elegê-la presidente.
- Eleger a Dilma é uma das coisas mais importantes do meu governo. Para dar continuidade às coisas boas. Eleger Dilma não é coisa secundária para o presidente da República, é coisa prioritária na minha vida este ano - afirmou.
O presidente lembrou ainda a participação da petista na luta armada para defender a democracia e queixou-se do preconceito que ela enfrenta.
" O maior preconceito contra a companheira Dilma não é pelos seus defeitos, mas pelas qualidades "
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- O maior preconceito contra a companheira Dilma não é pelos seus defeitos, mas pelas qualidades. Em primeiro lugar, pelo fato de ser mulher - declarou.
Lula aproveitou para afirmar que o Estado deve ter o papel de indutor e regulador na administração do país, mas não descartou a hipótese de estatizações em setores considerados estratégicos.
" Não existe hoje no Brasil ninguém mais preparado para governar o país do que a nossa companheira Dilma Rousseff "
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- Dizem que a Dilma é estatizante. Isso não é ruim. É bom. Aquilo que for estratégico, nós não teremos medo de tomar decisões. O Estado não tem que ser gerenciador, pois cria uma aristocracia administrativa. O Estado tem que ser indutor e regulador - disse.
E finalizou:
- Não existe hoje no Brasil ninguém mais preparado para governar o país do que a nossa companheira Dilma Rousseff que, se Deus quiser, será a futura presidente do Brasil.
Dutra diz que aliança com o PMDB será sacramentada

Durante a abertura da solenidade, o novo presidente do PT, José Eduardo Dutra, esclareceu que a ministra ainda não está em campanha, mas admitiu a possibilidade de o partido enfrentar uma enxurrada de representações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por propaganda antecipada.
- Vamos eleger a primeira mulher presidente da República Federativa do Brasil - destacou.
Dutra reforçou que a aliança com o PMDB será sacramentada com a escolha do candidato a vice nas convenções partidárias de junho. E ressaltou que o "tempo político" deve ser respeitado.
- Não cabe ao PT dar palpite na indicação do PMDB -disse Dutra.
PMDB decide prestigiar solenidade

Após conversar com o presidente Lula, o PMDB decidiu prestigiar a solenidade, um dia depois de o nome do partido ter sido rejeitado como aliado preferencial na aliança em torno da candidatura de Dilma, o que irritou a cúpula peemedebista. O presidente da legenda, Michel Temer (SP), que é cotado para ser vice na chapa petista, foi convidado a compor a mesa sentando-se ao lado da ministra.
As negociações sobre a presença da cúpula do PMDB na festa começaram na sexta-feira e entraram pela madrugada, envolvendo, além de Lula, Temer e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR).
Clima de festa

Em meio ao plenário lotado, a juventude petista cantava: "Olê, olê, olê, olá, Dilma, Dilma". Ao fundo do auditório, um painel, com a foto de Lula ao lado da ministra, que será o selo da campanha, exibia o slogan: "Com Dilma pelo caminho que Lula nos ensinou".
Para o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, coordenador de campanha de Dilma, o dia de hoje é emblemático.
- É o primeiro passo rumo à vitória - destacou.
Entre os convidados na primeira fila, estavam integrantes da delegação da Venezuela, como Rodrigo Cabeza e Maximilien Arvelaiz, assessor de Relações Internacionais do presidente Hugo Chávez, que veio ao Brasil especialmente para o ato de lançamento da pré-candidatura de Dilma, representando o Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV).
- Estamos acompanhando o processo, porque é muito boa a relação do PSUV com o PT - declarou Arvelaiz.