segunda-feira, 31 de agosto de 2009

FEFLITA SOBRE O TEXTO

RATO COMENDO RATO

Laerte Braga

Há uma diferença entre o modus operandi da quadrilha GLOBO e o da quadrilha RECORDE. Ou, mais precisamente, de Edir, o Macedo. A quadrilha GLOBO reveste-se da sofisticação FIESP/DASLU. Sugere que a rede seja povoada de príncipes, duques, marqueses, condes, viscondes e barões. Tenham, todos, perfeita noção de como se comportar em público, algo assim como bater carteira em uma dimensão impressionante, sem que as vítimas percebam e até sintam-se agradecidas pelo privilégio de poder assistir Xuxa aconselhando e formando as nossas crianças.

Olham para o outro lado quando cometem toda a sorte de crimes que pode um veículo de comunicação, uma rede com seu tamanho, cometer. Todos de terno, gravata, combinação perfeita até a roupa debaixo.

Edir, o Macedo, esse não. Tem consciência que existem métodos capazes de fazê-lo chegar a ingênuos e incautos e construiu um império na base do “dá ou desce”.

GLOBO e RECORDE servem ao mesmo senhor.

As denúncias feitas pelo programa “REPÓRTER RECORDE”, edição de domingo 16 de agosto, são todas verdadeiras, inclusive as que dizem respeito às promíscuas relações da REDE GLOBO com setores do Ministério Público de São Paulo. São Paulo! É preciso prestar atenção a esse detalhe. Um país vizinho que fala a mesma língua. E vêm com um exército de tucanos, democratas, mais alguns carregadores de mochilas dos senhores, caso de Roberto Freire, numa tentativa de transformar o Brasil, definitivamente, num estado norte-americano.

As denúncias sobre Edir Macedo, requentadas ou não, são reais.

O programa da RECORDE foi certinho, se é que nesse amontoado de bandidos existe alguma coisa ou alguém certinho – a não ser na bandidagem –, até a entrevista de Edir, o Macedo.

A explicação do “bispo” sobre o vídeo em que aparece orientando seus pastores a tomar dinheiro dos fiéis é inacreditável em termos de cara de pau. A figura em questão dizia aos pastores que quem quiser doar bem, quem não quiser amém, só que de um jeito bem ao estilo Beira-mar. “Ou dá, ou desce”.

“Cândido”, “vítima”, “salvador de almas”, explicou que quem dá sobe no mundo espiritual e quem não dá desce no mundo espiritual.

Putz! É uma sem vergonhice próxima do absoluto.

Creio que nos dias seguintes deverão entrar em cena os representantes dos senhores de tudo e todos – ou quase todos – para explicar que essa briga não interessa a eles donos dos “negócios” e é preciso acabar antes que os danos sejam irreversíveis.

A cara de pau de Edir, o Macedo, quando falou de “fé emocional”, sugerindo que a fé que vende seja racional, em crítica direta ao padre Marcelo Rossi, beira a perfeição. Foi assim como um piparote para quem entende que pingo é letra. Marcelo Rossi é a resposta da Igreja Católica, dos setores mais atrasados dessa Igreja (controlam Roma desde a ascensão de João Paulo II) ao avanço neopentecostal às suas fileiras. Não há diferenças entre o “bispo” e o padre, só de estilo.

E a ameaça de Macedo. Levar sua igreja aos muçulmanos. Insere-se no projeto político de dominação e domesticação dos povos do Islã. Os muçulmanos ocuparam a Espanha por três séculos e quando saíram os monumentos e igrejas cristãos estava intactos, preservados. Onde as hordas das cruzadas comandadas por papas passaram, no Oriente Médio, a política foi de terra arrasada contra os “impuros”.

Edir, o Macedo, cumpre um papel político. Tanto se insere num contexto geral, dos donos do mundo, como se beneficia disso, gerindo um império de proporções impressionantes.

A GLOBO é a mesma coisa. Cumpre o mesmo papel. Ao longo de sua história construída sobre fraudes e sustentando-se na ditadura militar, serve hoje a Washington e ao modelo econômico neoliberal, logo, a esse modelo político asfixiante e que se constitui em termos de História, numa fase aguda da exploração do homem pelo homem.

Macedo já está em Miami, base das grandes quadrilhas que operam as mais variadas modalidades criminosas, desde as legalizadas, às chamadas do crime organizado. Joga, esperto que é, com a própria divisão entre os donos. O lado vaselina, que é o de Barak Obama (o garçom) e o lado areia, do esquema de Bush e outros.

Como donos são donos, eles se entendem e nesse esquema sórdido tanto um quanto outro, GLOBO e Macedo se tornam necessários. Desde, evidente, que não ultrapassem determinados limites e a briga entre ambos não prejudique os “interesses maiores”. Aí, o que for mais fraco dança. Neste momento Macedo joga um jogo arriscado, mas escorado em oito milhões de fiéis, um eleitorado e tanto. Sabe que seu adversário, GLOBO, enfrenta dificuldades, sustenta-se de dinheiro público e o padrão chamado global começa a dar sinais de esgotamento.

A comunicação é fator de extrema importância nos dias de hoje. Você pode pegar um grupo de dentistas, por exemplo, que ao arrepio da ética vão dizer que Colgate é melhor e previne e evita cáries. Ganham um bom dinheiro para isso. É só um exemplo de um processo mais amplo que transforma o ser humano em rês. Em mero consumidor. Vazio e despido do mínimo espírito crítico diante de si mesmo, logo algo amorfo. Não contesta e admite as formas de escravidão sob as quais vive.

Amplie tudo isso é enxergue o mundo em que automóvel se transforma em anjo de guarda e bancos e grandes empresas, os grandes latifúndios, em templos do capitalismo. O deus mercado.

A GLOBO tem investido contra o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, acusando-o de restringir a “liberdade de imprensa”, ao fechar rádios e tevês como a GLOBO e a RECORDE e a criar rádios e tevês comunitárias, ligadas a sindicatos, associações do movimento popular, ou mesmo à iniciativa privada, mas dentro de parâmetros de verdade, ética na informação e tudo o que não existe no Brasil nas “famílias” que controlam o setor.

A reação a RECORDE é apenas a reação a um novato que entra de cabeça no meio e afeta os “negócios” até então bem divididos entre redes de tevê, jornais, revistas e rádios.

Para melhor ilustrar, Mariel Mariscot era um policial ligado a grupos torturadores à época da ditadura. Corrupto, deixou a Polícia, transformou-se em estrela de televisão por uns breves momentos e resolveu ser banqueiro de jogo de bicho. Esbarrou nos donos do jogo do bicho. Não queriam concorrência no clube que geriam. Mariscot apareceu morto sem que se apurasse o culpado, ou culpados.

Não é o caso de Macedo, lógico. Tem respaldo no clube freqüentado pelos donos. Mas sabe, ele próprio, que não pode esticar a corda a ponto de arrebentá-la. Como sabe a GLOBO que há também um limite nessa história.

Está prevista uma conferência nacional de comunicação para dezembro. A idéia é discutir toda essa realidade e abrir caminhos para a efetiva democratização do setor. Nada de tratar o cidadão como idiota, definição de William Bonner para o telespectador do JORNAL NACIONAL.

Os bandidos sabem disso e já começam um movimento de cerco a essa conferência. A Fundação Ford, partícipe de vários golpes de estado na América Latina, se prontifica a ajudar a organização da conferência. Esse ajudar aí equivale a meter o tacão de ultra direita e manter o controle.

Chávez não restringiu liberdade alguma de informação. Chávez colocou o dedo na ferida. O papel que cumprem as grandes redes de tevê e rádio como a GLOBO e a RECORDE.

É necessário fazer o mesmo por aqui. Do contrário grandes complexos de comunicação irão se constituir, sempre, em fator de controle e alienação, como hoje GLOBO e RECORDE. Ou como VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, todo o espectro da informação em nosso País.

É preciso explicar, apurar cada centavo de dinheiro público dado à GLOBO, desde sua fundação, passando pela ditadura militar (da qual foi o principal instrumento de comunicação), aos convênios que geram programas educativos às cinco da manhã (para ninguém), aos socorros ilegais dados pelo BNDES em momentos de situação falimentar. Às ligações com os grupos que governam São Paulo. E começam em Mário Covas, passam por Geraldo Alckimin e chegam a José Serra.

O próprio governo federal, vítima constante de chantagens da rede. Como no episódio do falso dossiê nas vésperas das eleições de 2006. A GLOBO deixou de lado a queda do avião da GOL para cumprir seu papel dentro do esquema FIESP/DASLU. Notórios criminosos.

Como é necessária uma ampla discussão sobre o papel das redes de tevê e rádio no País. São concessões de serviço público e têm regras básicas definidas, ainda que falte legislação específica, como existe em países outros. Na Grã Bretanha, na matriz, os EUA.

Bem mais que isso. Ação do governo federal para coibir e redesenhar o setor, privilegiando a comunicação voltada para processos de formação e conscientização do brasileiro. Não o atual, de alienação e mentiras a serviço dos piores criminosos que se possa imaginar. Sejam eles os irmãos Marinho, seja ele um pilantra do “dá ou desce” como Edir Macedo. E todos os outros.

Do contrário vamos continuar assistindo ao filho de Renan Calheiros ganhando concessões de rádio. A José Sarney dono das afiliadas da GLOBO no seu feudo. A família de ACM na Bahia. A Collor de Mello em Alagoas. A tucanos/democratas no sul do País.

E a todas essas armações para transformar Brasil e brasileiros em terra de ninguém e num monte de “ninguéns”.

Mas todos ávidos consumidores de coca cola, sanduíches da rede McDonalds, transgênicos da Monsanto, remédios dos laboratórios que montam pandemias como a gripe suína para auferir lucros fantásticos. E Colgate para os dentes brilharem até na hora que o distinto ou distinta estiver espirrando com sinais de gripe suína.

É isso o que querem, é esse o papel que cumprem. O caráter “religioso” da rede de Macedo não difere do da GLOBO. É a religião do consumo. Das legiões de zumbis. Uns fascinados com o “bispo” do “dá ou desce”, outros com os heróis de Pedro Bial no bordel em casa, o BBB.

São iguais, rato comendo rato.

donos do mundo, como se beneficia disso, gerindo um impeiro dos fio norte-americano.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Marte no céu Luziense?

Marte do tamanho da Lua? Se acontecesse, nós estaríamos encrencados...


Você já deve ter recebido esse e-mail. Se ainda não recebeu, talvez seja só questão de tempo. Desde 2003 o boato vem se espalhando – principalmente no mês de agosto. A mensagem diz que o mundo inteiro irá ver. Marte vai ficar tão grande quanto a Lua Cheia à meia-noite do dia 27 de agosto. E se você perder esse espetáculo da natureza, jamais verá outro igual em vida.
Uma oposição pode acontecer em diferentes pontos da órbita marciana. Nos melhores Marte pode ficar a 55 ou 56 milhões de quilômetros da Terra.

Nem tão perto... Marte é um planeta vizinho da Terra. Sua órbita é maior e envolve a órbita terrestre. Marte se move mais lentamente que o nosso mundo e por isso leva quase dois anos para completar uma volta ao redor do Sol. Por causa disso, a cada 26 meses, aproximadamente, a Terra alcança e ultrapassa Marte. Na Astronomia, esse encontro é chamado de “oposição ao Sol” (ou simplesmente “oposição”), porque para ver Marte devemos olhar na direção oposta à nossa estrela: quando o Sol se põe no Oeste, o planeta nasce a Leste e quando é meia-noite, Marte atinge sua altura máxima no céu. Numa oposição de Marte, esse planeta, a Terra e o Sol ficam praticamente alinhados. Mas nem todas as oposições marcianas são iguais. Como as órbitas da Terra e principalmente de Marte não são círculos perfeitos, esse encontro pode se dar a diferentes distâncias.Tipicamente, numa oposição bem favorável, a distância entre Terra e Marte fica entre 55 e 56 milhões de quilômetros. Parece muito mas, em média, Marte fica a mais de 200 milhões de quilômetros da Terra.

VISÃO MEDONHA... Para que ficasse do tamanho da Lua Cheia, Marte teria de se aproximar ameaçadoramente a vida no planeta Terra.

Cratera lunar... A melhor oposição de Marte foi em 27 de agosto de 2003 (isso mesmo: 2003). Naquela ocasião o “encontro” Terra-Marte foi a 55,7 milhões de quilômetros. Outra dessas nem pensar – só depois do ano 2200. Por enquanto, comparando a distância de Marte de uma oposição para outra, ela só vem aumentando. Mas é claro que em ano de oposição Marte se aproxima e fica, portanto, maior. Mas quão grande? Se imaginarmos que de um horizonte a outro contamos 180 graus na abóbada celeste, a Lua Cheia terá cerca de ½ grau de diâmetro. Na oposição de 2003, Marte atingiu os 25 segundos de arco – isso é 72 vezes menor que a Lua Cheia (meio grau tem 1800 segundos). Então, se Marte não chegou nem perto do tamanho da Lua na melhor das oposições, por que ficaria agora? Pergunte a quem espalhou o boato! Alguém que, no mínimo, se confundiu todo com a matemática. A informação correta seria: “em 2003, Marte ficou com 25 segundos de arco, o tamanho de uma cratera da Lua, sendo observável com uma pequena luneta”.

Próxima oposição... A mensagem de e-mail dizendo que Marte ficará do tamanho da Lua Cheia (uma bobagem sem tamanho!) continua circulando, praticamente idêntica a de 2003. É claro que corrigiram o ano. Mas só o ano, a data continua se repetindo, embora, não haverá oposições em agosto por muito tempo. A próxima oposição de Marte será em 2010, mas no dia 29 de janeiro e não 27 de agosto! Nessa ocasião, o Planeta Vermelho estará com 14 segundos de arco de diâmetro. Marte só começa a se aproximar cerca de um ano antes. O diâmetro do planeta está em segundos de arco e a distância em Unidades Astronômicas, ou U.A. (1 U.A. é a distância média Terra-Sol).

DOCE REALIDADE... Mesmo numa oposição exepcional, Marte não passa de um ponto de luz perto do brilho extenso da Lua. Diagrama original de Sky & Telescope: Rick Fienberg.

Pense de novo... Tudo parece um sonho. Ver Marte nascendo do tamanho da Lua, com uma luz avermelhada muito mais intensa que a de um eclipse lunar total. Mas acredite: é bem melhor realizar esse desejo a bordo de uma nave espacial a caminho do planeta. Para ficar tão grande, Marte teria de estar perto demais. A Lua é 9 vezes mais leve e 8 vezes menos volumosa que Marte. Se o Planeta Vermelho ficasse tão grande e próximo, sua força gravitacional, somada a da Lua, ergueriam marés violentas o bastante para inundar nossas cidades costeiras duas vezes por dia. Pense de novo. Parece mais um pesadelo ver Marte do tamanho da nossa Lua.

Fonte: JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite

Liguei hoje de manha para o Planetário do Pará da UEPA (Naldo Blandtt), e quando fui atendido a recepcionista foi logo me informado, sem nem mesmo me apresentar ou perguntar alguma coisa: é o maior boato do ano, no dia que o planeta Marte a aparecer no céu da Terra do tamanho da Lua, pode reza, o mundo vai se acabar (eu rir um pouco), e a pessoa me informou que já recebeu de ontem até hoje as 11:39 h da manha (26 de agosto), 1437 ligações de pessoas do quatro cantos do Pará perguntando se isso era mesmo verdade.

Então gente, não esperem Marte hoje a noite, só poderemos vê-lo a olho nú, como a estrela Dalva, que sempre foi e espero que nosso Deus permita que continue assim.

domingo, 23 de agosto de 2009

OCUPAR AS REDES DE RÁDIO E TEVÊ



Por Marcelo Salles - salles@carosamigos.com.br

Revejo "Jango", brilhante documentário de Sílvio Tendler, que foi exibido na madrugada deste sábado (8/11/08) pela TV Brasil. Deveria ter ido ao ar mais cedo, em horário nobre, tamanha a sua importância.

O filme mostra os atores envolvidos no golpe de Estado cometido contra o povo brasileiro em 1964. No ato lembrei do título do livro de René Dreifuss: "1964: a conquista do Estado". O termo escolhido pelo escritor não poderia ser mais preciso. Tanto em sua obra quanto na de Tendler fica evidente que não houve apenas um golpe estanque no Brasil; ele não surgiu da noite para o dia. O movimento foi preparado durante anos e contou com apoio do governo dos EUA, de corporações privadas e de veículos de comunicação de massa.

No documentário há um depoimento muito importante de um militar, que chama a atenção para a "provocação" que representou o comício de 13 de março, na Central do Brasil. Ele fala que o povo trazia cartazes subversivos. Aí lembrei de toda a preparação psicológica, de todos os cursos financiados pelos EUA para os militares brasileiros de que fala Dreifuss. IPES e IBAD à frente. Ao longo de anos associaram comunismo à barbárie e à desordem, até chegar ao golpe. Depois dele, a tropa de choque foi retirada da linha de frente (Carlos Lacerda e Magalhães Pinto, cassados) e os homens de confiança assumiram a liderança. Brizola diz em seu depoimento que este foi o golpe dentro do golpe. Castelo Branco assume e imediatamente revoga a lei de remessa de lucros e garante a manutenção dos latifúndios improdutivos.

O que vemos hoje? Em meio à tal crise, que as corporações de mídia já não mais explicam por que, como e onde, o Banco Central divulga que montadoras de automóveis enviaram nada menos que US$ 4,8 bilhões às matrizes no exterior. Somando os outros setores da economia, a sangria alcança absurdos US$ 20,143 bilhões/ano. O Globo deu matéria sem nenhum destaque na página 22 da edição do último dia 6, cuja capa lambia as botas do novo comandante pró-forma do imperialismo.

Eis aí a natureza do golpe de 1964 e da ditadura que seqüestrou, torturou e matou milhares de brasileiros. Seu maior objetivo é garantir que o país mais rico da América Latina seja mantido sob a dominação imperialista. Nenhum governo sério do mundo permite que sejam enviados para o exterior tantos recursos produzidos com o suor do seu povo. Existem leis que obrigam que esse dinheiro seja reinvestido no país, isso sem falar na tributação às grandes empresas, que deveria ser maior. Não dá pra aceitar calado o envio de tantos bilhões pra fora enquanto existe gente passando fome aqui dentro. Isso sim é uma ditadura, devo dizer àqueles que se prendem aos paradigmas da mídia grande.

Apesar da flagrante pilhagem, não se vê resistência. Nem quanto às indecentes remessas de lucro, nem contra a entrega do nosso petróleo, nem contra a ausência de uma auditoria na dívida pública, nem contra a absurda concentração fundiária, nem contra a falta de regulamentação do artigo 153 da Constituição, que determina a cobrança de impostos sobre grandes fortunas, nem contra o salário mínimo de R$ 415,00 e, pior, nem contra o oligopólio dos meios de comunicação social.

Pior porque é este oligopólio o maior responsável pela manutenção desse estado de coisas, que de um lado explora o cidadão brasileiro e de outro entrega nossas riquezas para empresas estrangeiras e seus testas-de-ferro. A mídia, hoje, é a instituição com maior poder de produzir e reproduzir subjetividades. Ou seja, é ela quem vai determinar formas de sentir, agir, pensar e viver de cada pessoa e, por extensão, de toda a sociedade.

O dia em que os movimentos sociais organizados se derem conta disso, a primeira ocupação será nos centros de produção e reprodução de textos e imagens encarregados de sustentar o sistema. Uma vez ocupadas as redes de rádio e tevê (cujas principais representantes, a propósito, estão com as concessões vencidas), o povo será informado sobre as razões da falta de médico para o filho que sente dor, da falta de escola para quem precisa estudar, da falta de trabalho para quem quer produzir, da falta de terra para quem quer cultivar e etc. Uma vez que isto aconteça, a justa indignação não mais poderá ser contida.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Marina, entusiasma os denfesores da Amazônia, com sua possível candidatura para a Republica em 2010.


A ex-ministra e senadora Marina Silva, que anunciou a saída nesta quarta-feira (19) do PT, tem biografia que poderia ter sido imaginada por um roteirista de cinema, com passagens que incluem o serviço doméstico, o corte de seringa, e o comando de um ministério.
Marina nasceu em 1958 no Acre, em uma colocação de seringa chamada Breu Velho, no Seringal Bagaço, a 70 quilômetros de Rio Branco, segunda mais velha de uma família de oito filhos. Para ajudar a pagar uma dívida contraída pelo pai, Marina e as irmãs cortaram seringa, plantaram, caçaram, e pescaram.


Sem escola, aos 14 anos de idade, aprendeu a ver as horas no relógio e a fazer as quatro operações básicas da matemática. Estudou no Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização), fez o curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e a escrever, fez supletivo de 1º grau e de 2º grau.
Na juventude, sonhava em ser freira até começar a freqüentar reuniões das Comunidades Eclesiais de Base e aproximar-se de grupos de teatro amador. Foi aí que Marina ingressou na vida política, ainda não-partidária, dos movimentos sociais.
Perdeu a mãe aos 15 e teve de assumir a chefia da casa e a criação dos irmãos, já que a mais velha já tinha casado. Aos 16, teve uma hepatite que a levou a conhecer a vida urbana – Marina saiu da região de seringal onde vivia e passou a viver na cidade, onde trabalhou como empregada doméstica.
Aos 20 anos, teve uma nova hepatite que a levou a São Paulo em busca do tratamento. Ao retornar, ingressou na universidade, onde descobriu o marxismo, e cursou história. Neste período, durante a ditadura militar, passou a atuar em grupos políticos semi-clandestinos.
Na década de 1990, quando era deputada estadual, Marina passou mal em uma viagem ao interior do Acre. Ela teve de ser trazida rapidamente para a capital e ficou internada em um hospital com estado de saúde grave. Depois de meses de exames no Brasil e no exterior, descobriu tratar-se de uma contaminação por metais pesados, decorrente, provavelmente, de tratamentos contra a leishmaniose, quando ainda vivia no seringal. A doença causou problemas neurológicos e atingiu vários órgãos. Após tratamento, a ministra diz ter 80% das capacidades físicas, mas ainda vive sob rígido regime alimentar.
Marina casou-se duas vezes e é mãe de quatro filhos – Shalom, Danillo, Moara e Mayara.

Vida política
A vida política de Marina Silva começou em 1984, quando fundou a CUT no Acre, junto a Chico Mendes. Ele foi coordenador, ela, vice. Participou das Comunidades Eclesiais de Base, de movimentos de bairro e do movimento dos seringueiros.
Marina filiou-se ao PT em 1985, e, em 1986, candidatou-se a deputada federal. Em 1988, foi eleita vereadora. Em 1990, deputada estadual, com a maior votação do estado. Em fevereiro de 1995, iniciou seu primeiro mandato de senadora, aos 36 anos, pelo PT, como representante do Acre. Em 2002 foi reeleita.
Em 2003, Marina assumiu o cargo de ministra do Meio Ambiente primeira gestão do governo Lula. Ela foi convidada para continuar na equipe do segundo mandato, onde ficou até 2008.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009


MUITAS VEZES O PARTIDO PARTE AS PESSOAS, SÓ NOS RESTA FAZER UMA RELEITURA DO PASSADO PARA ENTENDER QUEM SOMOS REALMENTE SE INSTRUMENTOS OU INSTRUMENTALIZADOS.

O mito resiste


Por Tatiana Merlino
A rebeldia e postura anárquica de Raul Seixas conquistam cada vez mais seguidores entre as novas e velhas gerações
Noite agradável, bar lotado, jovens conversando animadamente. Ao fundo, um violão: Paralamas, Chico, Caetano. Numa das pausas, ouve-se um grito: “Toca Rauuuul!”. A cena é fi ctícia, mas nem tanto. Pois repete-se incontáveis vezes em festas, shows, baladas e bares do Brasil. Embora seja uma brincadeira (institucionalizada), é um bom
exemplo de como umas das principais características de Raul Seixas é, talvez, a atemporalidade.

Passados 20 anos de sua morte, ele continua sendo uma das principais referências musicais do rock nacional. O artista, que já era um ídolo para as
gerações dos anos 70 e 80, virou um mito inclusive para parte daqueles que sequer haviam nascido quando o compositor levava plateias ao êxtase.
O sucesso de Raul junto às novas gerações pode ser atribuído, em parte, a ausência “de um sentido de vida que vá além dos limites do troglodita capitalista que só quer consumir e se recusa a sentir e a pensar. Por isso, que uma boa parcela da juventude atual volta os seus olhos para os ídolos de um passado que produziu um sentido de vida”, acredita o historiador Luiz Lima, autor de uma tese de doutorado sobre Raul Seixas e a Contracultura dos anos 1960 e 70.
Já para o jornalista e crítico musical Irineu Franco Perpetuo, o fato de Raul continuar sendo um dos grandes mitos da música brasileira “tem menos a ver com a qualidade intrínseca da sua produção musical do que com a persona pública que ele encarnou, que é uma imagem com a qual muita gente ainda se identifica”, acredita. Segundo o crítico, a imagem de “outsider” que Raul soube construir explica a identificação dos que se reconhecem como excluídos com o ídolo.
Mistura cultural
Nascido em Salvador, Bahia, em 1945, Raul foi, desde sua adolescência, influenciado pelo rock estadunidense dos anos 50 e, pela música nordestina – principalmente Luiz Gonzaga –, mistura que pode ser percebida mais tarde em sua obra. A figura de Raul ainda gera controvérsias. Sua classificação varia de visionário, lunático, sonhador, esotérico, e místico, a revolucionário, gênio, profeta e incompreendido. Fato é que a “Sociedade Alternativa” defendida por ele desagradou a ditadura civil militar que o prendeu e o torturou.
A trajetória do Maluco Beleza é marcada por 21 LPs, contratos com as maiores gravadoras do Brasil, cinco mulheres e três filhas. E, sem dúvida, por muita rebeldia. Anarquista, compôs músicas que se tornaram clássicos, como Metamorfose Ambulante, Gita, Mosca na Sopa, Ouro de Tolo, Al Capone, entre muitas outras.
Curiosamente, após a morte tem seu talento mais reconhecido do que nunca, arregimentando mais seguidores, entre as novas e velhas gerações.
Assim, a perenidade da obra do cantor, que conta com um público cativo nas periferias, pode ser explicada por seu comportamento rebelde e por sua pregação anárquica. Na opinião do jornalista e professor da PUC-SP, Silvio Mieli, Raul é anarquista “na exata medida em que detona o bom-senso e o senso comum, fundamentos da ideologia das classes médias burguesas”. Para ele, “seu visual, canto e ritual criavam um diferencial, um distanciamento, uma instabilidade que percorre como uma flecha aqueles que, para usar uma gíria dos tempos do Raulzito, não ‘transam’ bem essa ideia de poder. Acho que os jovens ainda sentem, em sintonia fina, os acordes de anti poder que partem de Raul Seixas”, define.
Grito de revolta
Uma das possíveis leituras do sucesso da obra de Raul nas periferias, acredita Mieli, “talvez seja a de que ela é portadora de um grito de revolta e, ao mesmo tempo, articuladora de uma nova forma de subjetividade. Enfim, ela inspira uma reinvenção do mundo, que é a única saída para quem vive sob opressão e domínio constantes”.
Hoje, o mito tem mais de cem fãs clubes, o principal fundado em 28 de junho (aniversário de Raul) de 1981 por Sylvio Passos, amigo do cantor.
A maior comunidade dedicada a ele no orkut tem 118 mil participantes. Além disso, Raul continua vendendo discos, tocando em rádios, sendo tema de livros, filmes e reunindo milhares de admiradores em shows e comemorações póstumas. “Por ser fácil de guardar, fácil de cantar (e tocar) e ter uma mensagem simples e direta”, a música de Raul se presta muito bem a esse tipo de catarse coletiva – todo mundo cantando junto, meio ébrio”, define o crítico musical Irineu Perpetuo.
Raul era tão polêmico que chego

terça-feira, 4 de agosto de 2009

IMPOSTO OU CRÉDITOS SOBRE O CARBONO

Imposto sobre o carbono ou créditos de carbono?
Ignacy Sachs 30 de junho 2009
Depois ,da chuva, o bom tempo. As previsões catastróficas do impacto da crise sobre o emprego cederam o espaço a uma enxurrada de pronunciamentos otimistas por políticos de vários países sobre o potencial de empregos verdes que poderão ser criados na saída da crise mediante um New Deal verde. A Organização Internacional do Trabalho acaba de propor um Pacto Global de Emprego, ao qual o Brasil se associou.
Este interesse em juntar a problemática ambiental com a geração de empregos é certamente bemvindo e tem muito a ver com as ações a serem desenvolvidas pelos Territórios da Cidadania. É necessário porém ir além da retórica e refletir sobre a maneira de financiar grandes programas desta natureza. O Brasil não escapa à regra.
Neste contexto, convém reabrir mais uma vez o debate, iniciado na primeira crise de energia nos meados dos anos 1970 sobre o mérito de um imposto sobre o carbono, introduzido com sucesso em vários países escandinavos, comparado aos créditos carbono instituidos pelo protócolo de Kyoto dentro do assim chamado Mecanismo da Produção Limpa, também conhecidos em inglês como Cap and Trade Mechanism (as empresas recebem uma cota limite de emissão do gás carbónico, sendo obrigadas a comprar créditos de carbono caso excedam este limite, porém têm o direito de vender a cota não utilizada no mercado de créditos carbono).
Comparto com George Monbiot a crítica severa dos créditos carbono, uma concessão à ideologia do mercado irrestrito tão ao gosto dos últimos trinta anos marcados pela contra-reforma neoliberal baseada no mito dos mercados que se autoregulam. “Assim como nos séculos XV e XVI, você podia dormir com a sua irmã, matar e mentir sem medo da danação eterna, você pode hoje em dia deixar as suas janelas abertas com aquecimento ligado, andar de carro e de avião sem pôr em perigo o clima, enquanto você paga os seus ducados a uma das empresas que vendem indulgências.”, ‘(G. Monbiot, Heat - How to Stop the Planet Burning, London: Penguin Books, 2007, p. 210). Não é muito moral comprar o direito de continuar a poluir os seus vizinhos em Londres, Paris ou São Paulo ao dono de uma floresta na Patagônia que se compromete a não cortá-la.
Dito isso, devemos continuar a utilizar por razões oportunistas o mercado de créditos de carbono enquanto ele existir. Mas ao mesmo tempo convém manifestar uma clara preferência por um imposto sobre o carbono, sobretudo se ele for contrabalançado por uma redução simultánea de encargos sobre o trabalho. Desta maneira, o imposto carbono não aumentaria a carga tributária global, e as empresas receberiam um duplo incentivo para reduzir as emissões de gazes de efeito estufa e para usar mais mão de obra. Exatamente o que queremos neste momento: promover um crescimento econômico ambientalmente sustentável e socialmente includente.
Parte da arrecadação do imposto sobre o carbono poderia reforçar o Fundo Amazônia e outros fundos a serem eventulmente criados para financiar o desenvolvimento includente e sustentável dos demais biomas brasileiros.
Uma variante sobre o tema: orientar uma parcela da arrecadação deste imposto para o financiamento de obras públicas de caráter local1, fazendo parte da agenda verde socialmente responsável, a serem empreendidas nos Territórios da Cidadania.
Um raciocínio análogo poderia ser aplicado à parcela dos royalties de petróleo paga aos municípios. Vários estudos mostraram que o aproveitamento destes recursos deixa muito a desejar.
1 Ver o memorando de 26 de janeiro 2009, “O potencial de geração de empregos nas obras públicas de caráter local”.