sábado, 25 de julho de 2009

PT UM NOVO CÓDIGO DE ÉTICA

Mídia: O código de ética do PT e Zhang Qihua
por Mensagem ao Partido
“As contradições entre as classes e as camadas sociais se destacam pela forte insatisfação com as rendas ilegais. O maior problema da distribuição de renda reside na existência das rendas ilegais, nomeadamente a corrupção e a aceitação de suborno, sonegação e fraude de impostos, contrabando, apropriação de bens estatais, entre outros. Muitos casos de enriquecimento súbito têm a ver com as rendas ilegais. Por isso, devemos obstruir todos os canais que conduzem ao enriquecimento súbito, proibir firmemente as receitas ilegais e combater as atividades ilegais, através da reforma do sistema e a instituição do sistema de direitos”.
Zhang Qihua falava da China. A palestra, fechada ao público, tinha como platéia dirigentes e intelectuais petistas. O trecho reproduz a tradução simultânea da sub-diretora do Centro de Estudos da História do Partido, do Comitê Central do PCC, no seminário sobre a China promovido dias atrás em São Paulo, pela Fundação Perseu Abramo, do PT.
Acompanhada de outros quatro representantes do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, Zhang Qihua delongou-a exposição dos males que assolam o país controlado por seu partido: “Os meios ilegítimos (de enriquecimento) incluem a corrupção, roubo, suborno e aceitação de suborno, contrabando, sonegação de impostos, apropriação de bens estatais, pirataria e má qualidade de produtos, entre outros. Tal maneira de enriquecimento provoca, sem dúvida, o forte descontentamento da população”.
Num seminário que contou com a participação de dirigentes petistas como Ricardo Berzoini (presidente), José Eduardo Martins Cardozo (secretário-geral) e Valter Pomar, (secretário de relações internacionais), Zhang Qihua não se limitou à corrupção decorrente da abertura econômica. Discorreu também sobre o mal reinante dos partidos no poder, o tráfico de influência: “Entre as pessoas que se enriqueceram legalmente, algumas, apesar de não adotar meios ilegítimos, recorreram a meios não razoáveis aproveitando sua posição, seus poderes e suas relações pessoais no sistema de duplos trilhos na definição de preços e no período de locação e concessão de terrenos urbanos ou aproveitando as brechas das leis e regulamentos, o que também provoca descontentamento da população”.
O seminário estava previsto no protocolo de cooperação entre os dois partidos assinado em 2004 quando uma delegação do PT, chefiada pelo então presidente do partido, José Genoíno, esteve em Pequim. Desde aquele ano, uma delegação do Partido Comunista Chinês vem anualmente ao país. Os petistas foram lá mais uma única vez, em 2007, numa comitiva chefiada por Berzoini.
Nos últimos cinco anos o Partido Comunista Chinês já puniu 518.484 dos 677.924 filiados investigados por denúncia de corrupção. Os números, fornecidos por Pomar, são das resoluções do 17º Congresso do partido, no ano passado. Delas consta a prestação de contas da Comissão Central de Controle Disciplina, uma espécie de comissão de ética do partido investida de poderes policiais. Suas 57 páginas são precedidas do título: “Persistir na simultaneidade do castigo e da prevenção, concedendo maior importância à prevenção para impulsionar a fundo o fomento do estilo do partido e da moralização”.
O PC Chinês tem hoje cerca de 73 milhões de filiados. O PT, 1,1 milhão. O próximo encontro entre os dois partidos deverá ser um seminário sobre o Brasil a ser realizado em Pequim no próximo ano. Como o protocolo prevê consultas entre os dirigentes de ambos os partidos, para a troca de “experiências na administração de país e gestão pública”, é de se supor que o PT venha a apresentar o balanço de suas ações no combate à corrupção.
O que dirá? Que delegou ao Legislativo a atribuição de punir os seus e expulsou um único dirigente (Delúbio Soares) envolvido no escândalo do mensalão? Que ao não assumir a responsabilidade política pela crise, ficou impossibilitado de reagir à visão predominante de que se transformou num partido como os outros?
É possível que tenha pelo menos um documento para mostrar, o código de ética do partido, que deve ser concluído até o fim deste mês. Mas como esse código é fruto de uma precária conciliação entre as forças partidárias favoráveis à autocrítica e aquelas que vêem o caixa 2 e o tráfico de influência como contingências de um partido no poder, é possível que a delegação petista em Pequim deixe a senhora Zhang Qihua entediada.
Maria Cristina Fernandes é editora de Política. Escreve às sextas-feiras
mcristina.fernandes@valor.com.br
3 comentários em “Mídia: O código de ética do PT e Zhang Qihua”

Assim como a reforma política só se efetivará com uma apressão constante da sociedade civil organbizada (?!) o código de ética só deverá ser efetivado se aqueles que acreditam nele façam com que a idéia não morra.
Cade o código gente ?
Mesmo que a Marta vença o segundo turno, (hoje é 10/10/2008) o que vemos é um partido cada vez mais descaracterizado, o que dizer da bancada de vereadores da cidade de são paulo ?
O PT pode ter crescido no Braisl, mas e a qualidade ? Vamos nos esconder atrás da quantidade ?isoldiser@gmasil.com— SERGIO ISOLDI 15/10/08, às 0:16

Caro SérgioEmbora concorde que o Código de Ética é de suma importância, o Estatuto do Partido já prevê punição para faltas disciplinares e éticas, a serem jugadas por Comissões específicas. Acredito ser fundamental instar para que essas Comissões sejam realmente instauradas e passem a funcionar plenamente.— Mario Abramo 18/10/08, às 8:15

A implantação de um Código de Ética é urgente no PT. Pois corremos o risco, grande, de termos quantidade mas, sem nenhuma qualidade. As Comissões de Ética, atuais, são montadas tentando acomodar as forças existentes no Partido e, muitas vezes, apesar de serem pessoas corretas, não são levadas em consideração no Diretório, que vota sempre, procurando acomodar as coisas, fazendo acordos políticos que não permitem colocar o dedo na ferida, que é a corrupção. Nós, do Balneário Pinhal-RS, estamos vivendo essa situação, pois nas eleições de 2008, tivemos uma experiência desagradável, elegendo um vereador que fez jogo duplo, a famosa “dobradinha”. Recolhemos as denúncias, fatos, fotos, testemunhas, criamos uma Comissão de Ética e Disciplina, que opinou pela expulsão com perda do mandato. O Diretório Municipal, que é quem viveu o problema, que é também, onde inicia a base mais autêntica do PT, concordou com o parecer da Comissão, aprovando o parecer por 6 votos a 4, vontade externada pela maioria de nossos filiados. Ele recorreu, como manda o Estatuto, o tempo está passando e começamos a perceber o início de uma grande “acomodação política”, para deixar tudo como está. Nós, que tivemos o constrangimento de servir de piada dos adversários, reivindicamos com urgência um Código de Ética, independente das correntes, com autonomia, cuja parecer possa valer verdadeiramente e, nós petistas, possamos falar em ética com orgulho. Mobilizem-se, procurem mais informações na Direção Estadual do PT do RS, senão, não vai mudar nada! Fraternais saudações! Avelino R. Rodrigues - Sec. Geral do PT de Balneário Pinhal - RS.— Avelino Ramos Rodrigues 4/05/09, às 20:4