terça-feira, 6 de outubro de 2009

Identidade Luziense












A ocupação do território que hoje compõe a cidade de Santa Luzia do Pará se deu com o início da construção da Rodovia Federal BR 316 em 1958 no programa do Governo Militar e seu Projeto de Integração Nacional (PIN), badalando o mesmo como uma oportunidade de oferecer "TERRAS SEM HOMENS PARA HOMENS SEM TERRA", donde no km 202 distante de Belém foi construido um acampamento de obras a cem metros do principal rio dessa area, batizado pelo primeiro morador local, senhor Manoel Gaia, como rio Curí, e incentivando a migração de cearenses, maranheses e paraenses (deslocandos principalemente das cidades de Bragança e Ourém atraves dos rios Caeté e Guamá a partir das comunidades mais antigas da região, Tentugal e Jacarequara), para constituir o povoado com o nome Tabosa, em homenagem ao engenheiro responsavel pelo acampamento, Dr Tabosa. A partir da constituição do povoado Tabosa e da ligação rodoviaria com a cidade mais próxima, Capanema, esses passaram a apelidar o povoado Tabosa de vila 47, por se manter a 47 km distante da cidade de Capanema. Em 1979, a Diocese de Bragança criou na vila 47 a paroquia de Santa Luzia, em homenagem a uma santa martire italiana, com isso o povoado passou a ser conhecido tanto como vila km 47 como vila Santa Luzia dentro do municipio de Ourém.
O desenvolvimento do povoado é acelerado com a abertura da rodovia Montenegro em 1973 de interligação da cidade de Bragança a BR 316, incentivando a chegada de mais nordestinos para esse área. Na década de 1980 a discussão da região no entorno da BR 316, da cidade de Capanema até o rio Gurupí (divisa do Pará com o Maranhão) foi focada na grilagem de terras por empresarios e os conflitos armados pelo luta dos povoados no direito a permanecerem na terra, destacando a participação de Quintino da Silva Lira como líder de defesa desses povoados, o que levou a migração intensa de familias desses confritos para a vila 47, fazendo-a crescer desordenamente, principalmente após a morte de Quintino em 1982, após a expulsão de familias das suas terras. Segundo dados do IBGE em 1985 a vila Santa Luzia tinha 3.246 habitantes, em 1990 tinha 5.633 habitantes, tornando a vila de Santa Luzia com uma população urbana maior que a cidade de Ourém. Diante disso, em 28 de abril de 1991, foi realizado o plebecisto para emacipação da vila, se tornando o municipio de Santa Luzia do Pará, que continou crescendo atingindo 8.624 habitantes em 2000 e 10.987 habitantes em 2007.
Atualmente o que é comum na cidade de Santa Luzia do Pará são invasões e o crescimento desordenado da população e ainda a migração de Nordestinos na busca de construir uma vida mais digna, principalmente com a idéia que a Amazônia é uma alternativa para solucionar as exclusões e marginalizações de pessoas pobres do Nordeste do Brasil. A vulnerabilidade da cidade de Santa Luzia do Pará se situa principalmente nos bairros pobres, conduzidos também pelo fato sócio-econômico que a cidade é um entreporto de caminhoneiros de ligação do Pará com o Nordeste, como resultado a proliferação de doenças sexualmente transmissiveis.

O que mais intriga hoje na cidade de Santa Luzia é a constituição da personalidade da Amazônia no município, quando conversamos com crianças e adolescentes, esses pensam em diferenças geográficas da situação do município para a região amazônica, é visto que o bioma amazônico no município foi “rasgado” dando ênfase a agropecuaria em grandes latifundios concentrados nas mãos de poucos empresários, e assim, sem nenhuma intervesão pedagógica os futuros cidadões luzienses estão sendo criandos “fora da Amazônia”, onde as gerações futuras não se sentem situados na região Norte do Brasil. E ainda, fortalecido pelas influencias culturais nordestinas, da música, à dança e as comidas, Santa Luzia vai ser personalizando um município muito mais Nordestino do que Amazônico.