quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

PAULO OTÁVIO RENUNCIA EM BRASÍLIA

24/02/2010 - 10h53
Paulo Octávio transmite cargo a distrital e diz que renúncia mostra seu desprendimento
Publicidade

MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

O então governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio (sem partido), que renunciou ontem, transmitiu nesta quarta-feira o cargo ao deputado Wilson Lima (PR), presidente da Câmara Legislativa local e aliado do governador afastado José Roberto Arruda (sem partido).

A transmissão de cargo ocorreu na residência oficial da vice-governadoria, no no Lago Sul, em Brasília. Ao deixar o local, Paulo Octávio, que é citado no inquérito que investiga o esquema de corrupção no DF, disse que vai fazer o possível para garantir a governabilidade no DF para o interino Wilson Lima.

"Sou apenas um cidadão a partir de hoje. Espero que ele [Wilson Lima] faça um bom governo. Volto à minha rotina normal, mas vou continuar trabalhando por Brasília."

O ex-vice-governador volta a assumir as empresas das Organizações Paulo Octávio --conglomerado de comunicação que inclui emissoras de rádio e TV.

Segundo assessores, em seu discurso de despedida, Paulo Octávio, disse que se sente "desanuviado". "Estou saindo da vida pública, mas estou confiante na Justiça. Estou tranquilo e mostrei meu desprendimento até mesmo perdendo o foro privilegiado", afirmou ele, de acordo com sua assessoria.

Wilson Lima, por sua vez, deixou o local sem falar com imprensa e vai reunir seu secretariado ainda hoje.

Arruda

Paulo Octávio havia se tornado governador interino no último dia 11, quando Arruda foi preso e afastado do cargo por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Os dois são suspeitos de participar de um esquema de arrecadação e pagamento de propina no DF.

Na semana passada, Paulo Octávio chegou a anunciar sua renúncia. Entretanto recuou na última hora. Na ocasião, disse que permanecia no governo do Distrito Federal pelo menos até o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir sobre o pedido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de uma intervenção federal no DF.

A indecisão do ex-democrata abalou ainda mais sua relação com o partido e, ontem à tarde, pressionado pela cúpula do DEM, Paulo Octávio pediu sua desfiliação pouco antes de anunciar sua renúncia.

Intervenção

Segundo reportagem publicada hoje pela Folha, o Planalto e o STF já começaram a articular a intervenção no Distrito Federal, e a renúncia de Paulo Octávio era a senha que faltava para a intervenção ser deflagrada.

A reportagem diz que a suspeita é que Lima --ligado a Arruda e ao ex-governador Joaquim Roriz (PSC)-- não tem condições políticas para se sustentar no cargo.

O próximo na linha sucessória, segundo a Constituição, é o presidente do Tribunal de Justiça do DF, Níveo Gonçalves, que já declarou não ter interesse em assumir.