domingo, 21 de fevereiro de 2010

UM EXEMPLO DE FÉ E SOLIDARIEDADE

D. ÓSCAR ROMERO, a voz dos sem voz

A celebração começou pontualmente às 18 horas na capela do Hospital da Divina Providência.
A homilia demorou apenas dez minutos. O bispo falou da necessidade de sacrificar vida por amor de Cristo e dos irmãos.
No momento do ofertório em que, de mãos erguidas, oferecia o pão e o vinho para o sacrifício, ouviu-se um disparo.
D. Romero caiu ferido de morte atrás do altar. Era o dia 24 de Março de 1980, em El Salvador.

Oscar Arnulfo Romero Galdámez, de seu nome completo, nasceu em S. Salvador, capital do país, na América Central, no dia 15 de Agosto de 1917. Foi ordenado sacerdote a 4 de Abril de 1942 e nomeado bispo auxiliar de S. Salvador em 1970. Sete anos mais tarde, é nomeado arcebispo da mesma diocese.
O início desta sua nova, e última missão, coincidiu com a morte de um sacerdote amigo, Pe. Rutílio Grande, assassinado por estar demasiado com os pobres. Três dias depois, são os militares que invadem a paróquia de Aguilares, matando, prendendo, expulsando três padres e profanando a Igreja e seu sacrário.
A partir daí, D. Romero decidiu viver apenas para defender a vida dos pobres e perseguidos do seu povo. Foi um caminho breve – três anos, como os de Jesus – mas suficientes para fazerem dele um dos maiores profetas dos tempos actuais.
Nas suas palavras, nunca havia ressentimentos ou ódio: mas havia sempre a denúncia das injustiças e a defesa dos pobres, a voz dos sem voz. Mesmo assim, despertou o ódio dos poderosos que se sentiam visados pela sua frontalidade. Foi pressionado, incompreendido por outros bispos e, inclusive, ameaçado de morte. Ao medo de morrer, Romero respondia, poucos dias antes de ser assassinado: “Como pastor, estou obrigado por mandato divino, a dar a vida por aqueles que amo”.
Mas a sua frase mais célebre tornou-se profecia: “Se me matarem, ressuscitarei no meu povo”.
O seu exemplo é um convite e um desafio a todo o cristão para que assuma a realidade profética da sua vocação.